quinta-feira, 31 de julho de 2008

Pequena Cronologia / Disseminação do Samba



Retirado do site Papo de Samba


Surgimento


No Rio de Janeiro a partir de 1850, mais especificamente nas imediações do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça XI, Cidade Nova, Saúde e Zona Portuária, foi crescendo a população de negros e mestiços oriundos de várias partes do Brasil, principalmente da Bahia, bem como de ex-soldados da Guerra de Canudos. Estes últimos viriam a formar uma comunidade que eles próprios denominaram de "Favela" - termo que posteriormente viria a ser usado como sinônimo de construções irregulares das classes menos favorecidas.


Um dos principais líderes desse tipo de comunidade pobres foi o músico e dançarino Hilário Jovino Ferreira (1855/1933), responsável pela fundação de vários blocos de afoxés e ranchos carnavalescos. Muitas baianas descendentes de escravos alojaram-se nestes bairros, sendo conhecidas como as Tias Baianas. Inconteste a contribuição das Tias do Samba, como eram conhecidas no final do século 19, para a sedimentação da cultura negra, principalmente com relação ao candomblé e ao samba (amaxixado) desta época.




Tia Ciata ou Aciata - Hilária Batista de Almeida - (avó do compositor Bucy Moreira) morou inicialmente na Rua da Alfândega, 304 e posteriormente na Rua General Pedra, Rua dos Cajueiros e mais tarde na Rua Visconde de Itaúna, residindo na Cidade Nova entre os anos de 1899 e 1924. Aciata, Ciata ou mesmo com a grafia Asseata, foi uma das responsáveis pela sedimentação do samba-carioca. Diz a lenda que um samba para alcançar sucesso teria que passar pela casa de Tia Ciata e ser aprovado nas rodas de samba das festas, que chegavam a durar dias.


Várias composições eram criadas e cantadas em improvisos, caso do samba "Pelo telefone", que viria a ganhar a assinatura de Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos - 1890/1974) e Mauro de Almeida (jornalista conhecido como Peru dos Pés Frios - 1882/1956), samba para o qual também havia outras tantas versões. Este samba-maxixe é considerado o primeiro a ser gravado, ainda no ano de 1917. Outras tias também foram importantes: Tia Amélia (Amélia Silvana de Araújo - mãe de Donga), Tia Veridiana (mãe de Chico da Baiana), Tia Bebiana, Tia Rosa Olé, Tia Sadata, Tia Mônica (mãe de Pendengo e Carmem Xibuca) e Tia Prisciliana (mãe de João da Baiana). Possivelmente o termo "Samba" é uma corruptela de "Semba" (umbigada), palavra de origem africana, provavelmente do Congo ou Angola, donde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil. Uma das grafias mais antigas do termo "Samba" foi publicada por Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama, em fevereiro de 1838 na revista pernambucana "Carapuceiro", não se referindo ao gênero musical, mas sim a um tipo de folguedo popular de negros da época.


Segundo o pesquisador Hiram Araújo, na Bahia, ao longo dos séculos, as festas de danças dos negros escravos eram chamadas de "Samba". Com o passar dos anos, a dança "Samba", sempre conduzida por diversos tipos de batuques, assumiu características próprias em cada estado, não só pela diversidade das tribos de escravos, como pela peculiaridade da região em que foram assentados. Entre os tipos de danças populares mais conhecidas, destacamos Samba-lenço, Samba-rural, Tiririca, Miudinho e Jongo (São Paulo); Tambor-de-crioula ou Ponga (Maranhão); Samba-corrido, Samba-de-roda, Bate-baú, Samba-de-Chave e Samba-de-barravento (Bahia), Bambelô (Rio Grande do Norte), Coco (Ceará), Trocada, Coco-de-parelha, Samba de coco e Coco-travado (Pernambuco) e Partido-alto, Miudinho, Jongo e Caxambu (Rio de Janeiro).


Quanto ao vocábulo "samba", existem várias versões de seu nascedouro. Uma delas diz ser originário do árabe, mais precisamente mouro, quando da invasão desse povo à Península Ibérica no século VIII, sendo o termo original "Zambra" ou "Zamba". Há quem diga que é originário de um dos muitos dialetos africanos, possivelmente do Quimbundo: "Sam" = dar, "Ba" = receber, ou ainda "Ba" = coisa que cai.


Em 1927 surge a primeira das escolas de samba, a Deixa Falar, no bairro do Estácio de Sá, vizinho ao afamado quarteirão boêmio carioca da Lapa. Inicialmente era um Rancho Carnavalesco, posteriormente Bloco Carnavalesco e por fim, Escola de Samba, tendo como fundadores alguns compositores do bairro do Estácio, entre eles Ismael Silva, Alcebíades Barcelos (Bide), Armando Marçal e Rubem Barcelos, de uma turma também integrada por Mano Elói, Nilton Bastos, Aurélio, Baiaco, Brancura e Mano Edgar. Estes compositores fizeram com que o samba fosse devidamente ritmado de forma que pudesse ser acompanhado no desfile, distanciando assim do andamento amaxixado de outros compositores como Sinhô. Oficialmente como Escola de Samba, a Deixa Falar desfilou apenas em 1929, 1930 e 1931, quando encerrou as atividades como Rancho Carnavalesco de segunda categoria, devidamente pobre e sem expressão maior perante a comunidade.


O samba ao longo dos anos tem se apresentado com muitas variantes rítmicas. Dentre as mais conhecidas, destacamos, o samba-de-breque, samba-exaltação, samba-de-terreiro, samba-enredo, sambalanço, samba-de-quadra, sambalada, samba-chulado, samba-raiado, samba-coco, samba-choro, samba-canção, samba-batido, samba-de-partido-alto e samba de gafieira. O partido-alto, segundo Nei Lopes, é considerado como a forma de samba que mais se aproxima da origem do batuque angolano, do Congo e regiões próximas. Contudo, quando surgiu, no início do século XX, pelo menos na casa da Tia Ciata, esse termo era usado inicialmente para designar música instrumental. O Samba-raiado é uma das variantes que tem influência da música sertaneja/rural, variante muito comum no início do século, ainda com forte influência do samba-rural baiano e trazido para o Rio de Janeiro pelas Tias Baianas e sendo ainda visto como uma variante do Samba-de-roda. O Samba-maxixe era muito influenciado pela dança homônima e tocado basicamente ao piano. Teve como expoente o compositor Sinhô (José Barbosa da Silva - 1888/1930), que detinha a alcunha de "O Rei do Samba". O Samba-enredo, juntamente com as Escolas de Samba que galgaram estágios de aceitação, admiração e paternalização através dos anos, tornou-se um dos símbolos nacionais.


Pesquisadores discutem se o samba virou bem de consumo ou não, e se houve ou não a ascensão social do sambista. Inicialmente o samba-enredo não tinha enredo. Com a entrada do Estado (mais propriamente o Estado Novo, no ano de 1937) na organização dos desfiles, foi criada uma contra partida, a de os temas serem sobre a história oficial do Brasil. Samba-canção: Surgido na década de 1920 e firmando-se na década seguinte, esta forma de "amaciamento" do samba, segundo Ruy Castro, inicialmente tinha influência do fox e na década de 1940, do bolero.


Se o "Samba de morro" tratava de temas diversos como malandragem, mulheres comportadas, favelas, esperteza etc, o samba-canção mudou o foco para o lado subjetivo das dores e ingratidões, principalmente pela ótica do sofredor amoroso, tendo como resquício a temática do bolero, então em voga. O samba-canção tinha como ênfase musical a melodia, geralmente de fácil aceitação. Henrique Vogeler, Custódia Mesquita, João de Barro, Ary Barroso, Fernando Lobo, Dolores Duran, Ismael Neto, Antônio Maria e tantos outros se utilizaram do samba-canção para compor grandes clássicos da MPB, como "Ai, Iôiô", "Risque", "No rancho fundo", "Copacabana" e "Ninguém me ama".


No final da década de 1950, com o surgimento da bossa-nova, o samba-canção com sua temática mais voltada para a 'fossa' foi sendo um pouco esquecido e dando vez a temas mais ligados à praia, ao mar, ao sol e ao sal, dentre outros temas mais amenos, cultivados por essa nova geração de compositores como Mário Telles, Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal, entre outros, liderados pelo grande poeta Vinicius de Moraes, que também faziam uso do samba em seu compasso 2/4, influenciados pelo violão jazz-cool de Barney Kessel e a voz de Julie London no LP "Julie is my name".


Pouco depois, esses compositores, sedimentados pela batida do violão de João Gilberto e as composições de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, formariam o núcleo central de um novo movimento denominado Bossa Nova. O Sambalanço é considerado um sub-produto da Bossa-Nova e muito utilizado em bailes suburbanos das décadas de 1960 a 1980. Dos artistas e grupos mais importantes destacam-se Ed Lincoln e Seu Conjunto, Os Devaneios, Grupo Joni Mazza, Bebeto, Copa 7, Bedeu, Luiz Wagner e Dhema. Anos mais tarde, já no século XXI, os grupos paulistas Funk Como Le Gusta e Clube do Balanço deram continuidade aos bailes e mantiveram este sub-gênero.


O samba-funk surgiu no final da década de 1960 com o pianista Don Salvador e o seu Grupo Abolição (Rubão Sabino, Luiz Carlos Batera, Barrosinho, Oberdan, Zé Carlos, Serginho Trombone e Darcy Trumpete), que já mesclavam samba com o funk americano, ritmo recém chegado dos Estados Unidos. Com a ída definitiva de Don Salvador para os Estados Unidos, o grupo encerrou as atividades. No começo dos anos 70 alguns ex-integrantes do Grupo Abolição: Luiz Carlos Batera, Barrosinho e Oberdan juntaram-se a Cristóvão Bastos, Jamil Joanes, Cláudio Stevenson e Lúcio da Silva e formaram a Banda Black Rio. A banda aprofundou ainda mais a o trabalho de Don Salvador na mistura do compasso binário do samba brasileiro com o quaternário do funk americano, calcado na dinâmica de execução, conduzida pela bateria e baixo. Exemplos do repertório autoral da banda são: "Maria fumaça" (Oberdan e Luiz Carlos Batera), "Mr. Funk Samba" (Jamil Joanes), "Caminho da roça" (Oberdan e Barrosinho) e "Metalúrgica" (Cristóvão Bastos e Cláudio Stevenson), composições nas quais o trabalho da banda mescla funk e samba. O sucesso e reconhecimento da banda veio com a inclusão da música "Maria Fumaça" (1977) na novela "Locomotivas", da Rede Globo. Em 1978 a banda gravou o LP "Gafieira universal", no qual aprofundou ainda mais a mescla dos ritmos e acompanhou Caetano Veloso em turnê. A banda encerrou as atividades em 1980 após gravar o último disco "Saci-Pererê". Na década de 1990 DJs ingleses passaram a divulgar o trabalho da banda e o ritmo fora redescoberto em toda a Europa, principalmente na Inglaterra e Alemanha.


Quanto ao pagode é basicamente outra forma de samba e é dividido em duas tendências: a primeira mais ligada ao partido-alto, conservando a linhagem sonora e fortemente influenciada por gerações passadas. Entre os artistas que se destacam a partir da década de 1980 estão Jovelina Pérola Negra, Almir Guineto, Dona Ivone Lara, Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e a dupla Arlindo Cruz e Sombrinha, Quinteto em Branco e Preto, Grupo Semente. Na segunda tendência, considerada mais "popular", isto já na década de 1990 em diante, estão Raça Negra, Só Pra Contrariar, Grupo Pirraça, Harmonia do Samba, Irradia Samba e Kaô do Samba, entre outros com a mesma qualidade sonora e de letra, considerada como pagode-romântico.


No livro "O samba na realidade...", de Nei Lopes, o autor enumera quatro princípios básicos para o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, do qual era diretor. Um desses princípios diz respeito à movimentação dos sambistas da escola no desfile, o que serve para explicitar a 'dança' do samba: "Samba mesmo é no passo curto, é drible de corpo, é 'no faz que vai, mas não vai', é no passo largo cheio de ginga, é no balançar dos braços, é no girar constante da cabeça, mostrando um sorriso contagiante, uma combinação improvisada de movimentos que ninguém do mundo consegue fazer igual ao brasileiro".


O samba, além de ritmo e compasso definidos musicalmente, traz historicamente em seu bojo toda uma cultura de comidas (pratos específicos para ocasiões), festas, roupas (sapato bico fino, camisa de linho etc), danças variadas (miudinho, coco, samba de roda, pernada etc) e ainda a pintura naif, de nomes consagrados como Nelson Sargento, Guilherme de Brito e Heitor dos Prazeres, para citar apenas três pintores, além de artistas anônimos das comunidades (pintores, escultores, desenhistas e estilistas) que confeccionam as roupas, fantasias, alegorias carnavalescas e os carros abre-alas das escolas de samba.


No início da década de 1960 foi criado o "Movimento de Revitalização do Samba de Raiz", promovido pelo Centro de Cultura Popular (CPC) em parceria com a UNE. Foi o tempo do aparecimento do Zicartola, dos espetáculos de samba no Teatro de Arena e no Teatro Santa Rosa e de musicais como "Rosa de Ouro". Foi a época do aparecimento de grupos como "Os Cincos Crioulos" (Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho e Paulinho da Viola, substituído por Mauro Duarte), "A Voz do Morro" (Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento, Oscar Bigode, Paulinho da Viola, Zé Cruz e Zé Kéti), "Mensageiros do Samba" (Candeia e Picolino da Portela), "Os Cinco Só" (Zuzuca do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Wilson Moreira, Zito e Velha), todos com experiência anteriores no universo do samba e músicas gravadas por grandes nomes da MPB. Tempo também do aparecimento do chamado "Samba-empolgação" dos blocos carnavalescos "Bafo da Onça" (Catumbi), "Cacique de Ramos" (Ramos) e "Bhoêmios de Irajá" (Irajá).


Na década seguinte surgiram os termos "Sambão-jóia", "Sambolero" e "ABC do Samba". Muitos críticos usavam o termo "Sambão-jóia" pelo lado pejorativo, como samba de qualidade duvidosa. Outros, perceberam neste termo e nos cantores e compositores a ele relacionado uma certa importância para a MPB. Cantores e compositores como Luiz Ayrão, autor do "Mulher à brasileira", na verdade um samba-enredo para disputa na Portela, em 1978), Benito Di Paula ('Retalhos de cetim'), Jorginho do Império ('Dinheiro vai, dinheiro vem', de Noca da Portela e Vovó Ziza), Antonio Carlos & Jocafi ('Você abusou'), e ainda, no mesmo bolo, Beth Carvalho por cantar sambas como "Vou festejar" (Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias) e "Coisinha do pai" (Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos), logo aceitos por várias faixas sociais e principalmente pela classe baixa, foram considerados por alguns críticos como os artistas de 'qualidade duvidosa'. Estes artistas recolocaram o samba nas principais emissoras de rádio e TV do país, sendo responsáveis por vendas expressivas do gênero na década de 1970. Segundo Luiz Ayrão, o termo "Sambão-jóia" apareceu em uma coluna do Jornal Estado de São Paulo, no final da década de 1970 e atribuía pejorativamente à Beth Carvalho o título de "Rainha do Sambão-jóia", o que causou um grande estigma e mágoa para alguns desses artistas.


Por essa mesma época, surgiu também o termo "ABC do samba", relacionado às cantoras Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes, quando elas conseguiram bater recordes de venda. Interessante assinalar que também não foram vistas com bons olhos por muitos críticos por ter direcionado seus repertórios para ritmos afro-brasileiros, principalmente o samba, pois como está grafado na história de cada uma delas, nenhuma começou exatamente como sambista.


Em São Paulo surgiu o cantor e compositor Geraldo Filme, um dos sambistas da Barra Funda, reduto do samba paulistano, freqüentador também das rodas de "Tiririca" - tipo de disputa com pernadas ao ritmo de samba - no Largo da Banana. Geraldo Filme, em parceria com Plínio Marcos, montou os espetáculos "Balbina de Yansã" e "Pagodeiros da Paulicéia". Outros sambistas de São Paulo, também importantes, são Germano Mathias, Osvaldinho da Cuíca, Thobias da Vai-Vai, Aldo Bueno e Adoniran Barbosa, este último já devidamente reconhecido nacionalmente por esta época, mas regravado e relembrado com mais freqüência nos anos 70. Ainda em São Paulo, Benito Di Paulo foi "classificado" como "sambolero", usando freqüentemente em suas apresentações piano, timba e chimbau. Em Salvador os compositores Riachão, Panela, Batatinha, Garrafão e Goiabinha, foram seguidos por Tião Motorista, Chocolate, Nélson Balalô, J. Luna, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil, Walmir Lima, Roque Ferreira, Walter Queirós, Paulinho Boca de Cantor e Nélson Rufino, que mantiveram a tradição dos sambas-de-roda e samba-coco, quase todos despontados para um maior reconhecimento a partir da década de 1970.


No final desta mesma década um grupo de cantores e compositores fazia uma roda de samba embaixo da tamarineira, na quadra do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, no subúrbio carioca de Ramos. Entre os que ficariam conhecidos anos depois, estavam Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Sombrinha, Deni de Lima, Luiz Carlos da Vila, Carlos Sapato, Neoci, Dida, Bira Presidente, Ubirani, Almir Guineto, Sereno, entre outros. Alguns instrumentos davam uma sonoridade peculiar àquele grupo, como banjo com braço de cavaquinho criado por Almir Guineto e o tantã, criado por Sereno. A própria formação sonora era um pouco diferente com tantã e repique-de-mão. Alguns desses músicos viriam a ser reconhecido quando Beth Carvalho os convidou para participar de seu disco "Pé no chão", de 1978, produzido por Rildo Hora. Dois anos depois o grupo, com o nome de Fundo de Quintal, lançava o primeiro disco pela RGE: estava formatado o pagode carioca, que viria a influenciar todas as gerações de sambistas posteriores.


Na década de 1980 despontaram para o sucesso Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Dona Ivone Lara. Na década de 1990 as grandes gravadoras criaram o "Pagode-romântico" e lançaram centenas de grupos e artistas paulistas, mineiros e cariocas, que fizeram músicas de qualidade inferior, mas que devido à massificação nas rádios e TV foram responsáveis por uma melhora na arrecadação de direitos autorais, fazendo com que as músicas americanas ficassem em segundo lugar em arrecadação, coisa inédita no Brasil.


No início do século XXI o samba retoma a tradição do partido-alto a partir do ano 2000, quando surgiram diversos artistas em vários estados. No Rio de Janeiro surgiram Teresa Cristina e Grupo Semente, Marquinhos de Oswaldo Cruz e tantos outros que contribuíram para a revitalização da Lapa, no Rio de Janeiro. Em São Paulo o samba retomou a tradição com shows no Sesc Pompéia e ainda através do trabalho de vários grupos, entre eles, o grupo Quinteto em Branco e Preto que desenvolvia o evento "Samba da Vela", tudo isso fez com que vários artistas do Rio de Janeiro, além de shows, fixassem residência em São Paulo, São Matheus, Santos e pequenas cidades e bairros periféricos da capital.


Na década de 1930, organizados por Paulo da Portela, sambistas de Madureira e Oswaldo Cruz, subúrbios do Rio de Janeiro, após um dia de trabalho, voltavam para Oswaldo Cruz no trem das 18h5min. Num desses vagões, organizavam reuniões e discutiam a organização do carnaval, sempre com muito samba. No ano de 1995 outro compositor, Marquinhos de Oswaldo Cruz, reorganizou o "Pagode do Trem", fazendo com que o evento entrasse para o calendário turístico da cidade do Rio de Janeiro, sendo apresentado no dia 2 de dezembro, "Dia Nacional do Samba". No ano de 2004 o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, apresentou à UNESCO o pedido de tombamento do gênero "Samba", sob o título de "Patrimônio Cultural da Humanidade", na categoria "Bem Imaterial", através do Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).







segunda-feira, 21 de julho de 2008

SAMBA: DO BATUQUE À BATUCADA


Retirado do


Identidade


Da mesma forma que o jazz nos Estados Unidos e a salsa (derivada do mambo e da rumba) em muitos dos países caribenhos, o samba é indiscutivelmente o gênero musical que confere identidade ao Brasil. Nascido da influência de ritmos africanos para cá transplantados, sincretizados e adaptados, foi sofrendo inúmeras modificações por contingências das mais diversas - econômicas, sociais, culturais e musicais - até chegar no ritmo que conhecemos. E a história é mais ou menos a mesma para os similares caribenho e americano.

Simbolizando primeiramente a dança para anos mais tarde se transformar em composição musical, o samba - antes denominado "semba" - foi também chamado de umbigada, batuque, dança de roda, lundu, chula, maxixe, batucada e partido alto, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente!

Do ritual coletivo de herança africana, aparecido principalmente na Bahia, ao gênero musical urbano, surgido no Rio de Janeiro no início do século XX, muitos foram os caminhos percorridos pelo samba, que esteve em gestação durante pelo menos meio século.


Samba : palavra de bamba


É quase consenso entre especialistas que a origem provável da palavra samba esteja no desdobramento ou na evolução do vocábulo "semba", que significa umbigo em quimbundo (língua de Angola). A maioria desses autores registra primeiramente a dança, forma que teria antecedido a música.

De fato, o termo "semba" - também conhecido por umbigada ou batuque - designava um tipo de dança de roda praticada em Luanda (Angola) e em várias regiões do Brasil, principalmente na Bahia. Do centro de um círculo e ao som de palmas, coro e objetos de percussão, o dançarino solista, em requebros e volteios, dava uma umbigada num outro companheiro a fim de convidá-lo a dançar, sendo substituído então por esse participante. A própria palavra samba já era empregada no final do século XIX dando nome ao ritual dos negros escravos e ex-escravos.


Assim se pronuncia Henrique Alves 1:


"Nos primeiros tempos da escravidão, a dança profana dos negros escravos era o símile perfeito do primitivo batuque africano, descrito pelos viajantes e etnógrafos. De uma antiga descrição de Debret 2, vemos que no Rio de Janeiro os negros dançavam em círculo, fazendo pantomimas e batendo o ritmo no que encontravam: palmas das mãos, dois pequenos pedaços de ferro, fragmentos de louça, etc.. "Batuque" ou "Samba" tornaram-se dois termos generalizados para designarem a dança profana dos negros no Brasil."


Há no entanto vozes discordantes, que dão margem a outras versões etimológicas:

A autora de São Ismael do Estácio 3 menciona a possibilidade de o vocábulo ter-se derivado da palavra "muçumba", uma espécie de chocalho.

Também Mário de Andrade 4 assinala outras origens possíveis para o termo e para a dança. Segundo ele, bem poderia vir de "zamba", tipo de dança encontrada na Espanha do século XVI, além de mencionar o fato de que "zambo" (ou "zamba") significa o mestiço de índio e negro.


A tese defendida por Teodoro Sampaio 5 de que a gênese pudessem advir de termos como "çama" ou "çamba" significando corda (ou a dança da corda) e de que este pudesse ser um ritmo gêmeo do brasileiro samba é totalmente refutada por Henrique Alves 6, "dada a falta de consistência de influências indígenas no teor da música e da dança, cuja característica é eminentemente africana".

Ainda de acordo com Mário de Andrade 7, a palavra "samba" viveu um verdadeiro período de "ostracismo" no início do século, conhecendo variantes coreográficas cultivadas por "brancos rurais" (o coco), para depois ser ressuscitada com vigor pelos fãs do maxixe.


Geografia do samba


No tabuleiro da baiana samba também tem Rio de Janeiro, então capital federal: a transferência da mão-de-obra escrava da Bahia (onde se cultivava a cana, o algodão e o fumo) para o Vale do Paraíba (onde se plantava o café), a abolição da escravatura e o posterior declínio do café acabaram liberando grande leva de trabalhadores braçais em direção à Corte; além disso, a volta dos soldados em campanha na Guerra de Canudos também elevou o número de trabalhadores na capital federal.

Muitos desses soldados trouxeram consigo as mulheres baianas, com as quais haviam se casado. Essa comunidade baiana - formada por negros e mestiços em sua maioria - fixou residência em bairros próximos à zona portuária (Saúde, Cidade Nova, Morro da Providência), onde havia justamente a demanda do trabalho braçal e por conseqüência, a possibilidade de emprego. Não demorou muito para que no quintal dessas casas as festas, as danças e as tradições musicais fossem retomadas, incentivadas sobretudo pelas mulheres.

De acordo com José Ramos Tinhorão 8, "mais importante do que os homens, foram essas mulheres" - quituteiras em sua maioria e versadas no ritual do candomblé - as grandes responsáveis pela manutenção dos festejos africanos cultivados naquela redondeza, onde predominavam lundus, chulas, improvisos e estribilhos.

Entre essas doceiras estavam tia Amélia (mãe de Donga), tia Prisciliana (mãe de João de Baiana), tia Veridiana (mãe de Chico da Baiana), tia Mônica (mãe de Pendengo e Carmen do Xibuca) e a mais famosa de todas, tia Ciata, pois justamente de sua casa, à rua Visconde de Itaúna 117 (Cidade Nova), é que "viria a ganhar forma o samba destinado a tornar-se, quase simultaneamente um gênero de música popular do morro e da cidade" 9.

Se por um lado o samba como dança e festa coletiva explodia nos quintais, tomava as ruas e se exibia nos desfiles de cordões, por outro, o samba como música e composição autoral dava os seus primeiros passos em casa de tia Ciata. O elemento comum eram os estribilhos, cantados e dançados tanto num lugar como no outro.

"Assim nasceu o samba carioca, após longa gestação, da África à Bahia, de onde veio para ser batucado nos terreiros da Saúde e finalmente, tomando nova forma rítmica a fim de adaptar-se ao compasso do desfile de um bloco carnavalesco." 9

De fato, nos quintais da casa de tia Ciata reuniam-se bons ritmistas, compositores e verdadeiros mestres da música popular, muitos deles profissionais como Sinhô, Pixinguinha, Donga, Caninha, João da Baiana, Heitor dos Prazeres, Hilário Jovino Ferreira e outros. Não foi à toa que de lá saiu o primeiro samba da música popular brasileira.

Assim se pronuncia José Ramos Tinhorão 10:

"Ao contrário do que se imagina, o samba nasceu no asfalto; foi galgando os morros à medida em que as classes pobres do Rio de Janeiro foram empurradas do Centro em direção às favelas, vítimas do processo de reurbanização provocado pela invasão da classe média em seus antigos redutos."


Samba: o que foi, o que é...


"Pergunta: Qual é o verdadeiro samba?


Donga: Ué, samba é isso há muito tempo:


O chefe da polícia
Pelo telefone
Mandou me avisar
Que na Carioca
Tem uma roleta para se jogar...


Ismael: Isso é maxixe!


Donga: Então o que é samba?


Ismael:


Se você jurar
Que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é
Para fingir, mulher
A orgia, assim não vou deixar


Donga: Isso é marcha!" 11


O samba não nasceu por acaso. A sua aparição se deve à acomodação de diversos gêneros musicais que se sucederam ou se "complementaram" ao longo do tempo. O exemplo da discussão acima ilustra claramente o tipo de confusão gerada pelos novos ritmos populares (a maioria binários) que emergiram nas primeiras décadas do século XX.

Para se conhecer um pouco de sua trajetória é necessário que se faça uma viagem por esses estilos que acabaram dando no que deu, ou seja, no próprio samba.



Lundu


Originária de Angola e do Congo, o lundu é um tipo de dança africana - na época considerada até obscena - , que tinha como passo coreográfico a própria umbigada. Apareceu no Brasil por volta de 1780. Alguns autores o comparam com o batuque praticado nas senzalas. No final do século XVIII, surgiu como canção, tanto no Brasil, quanto em Portugal.

José Ramos Tinhorão 12, citando o maestro Batista Siqueira, distingue as duas manifestações (coreográfica e musical), afirmando que até hoje não foi possível "saber se, de fato, a dança lundu inspirou o tipo de cantiga do mesmo nome, e de como se deu essa passagem daquilo que era ritmo e coreografia - para o que viria a ser canção solista."

Acolhido por todas as camadas sociais, inclusive os aristocratas, o lundu acabou ganhando a simpatia dos centros urbanos a partir de 1820, invadindo os teatros do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, onde seus números eram apresentados no entremez, espécie de quadro cômico e musical realizado durante os entreatos de dramas e tragédias. Em 1844, porém, o país foi tomado de assalto por outro tipo de ritmo - também de compasso binário e dançado em pares - que na Europa estaria causando um tremendo furor: este ritmo nada mais era do que a polca.



Polca


De acordo com definição contida no Dicionário de Música Popular Brasileira: erudita, folclórica e popular 13, a polca é um tipo de dança rústica originária da região da Boêmia (parte do império austro-húngaro), tendo chegado à cidade de Praga em 1837, quando se transformou em dança de salão. De ritmo alegre e saltitante, espalhou-se rapidamente pela Europa, tornando-se a coqueluche dançante da época. No Brasil veio trazida por companhias teatrais francesas, fazendo sua estréia oficial em 3 de julho de 1845 no Teatro São Pedro. Tornou-se tão popular que uma agremiação foi fundada em seu nome: A Sociedade Constante Polca. Segundo José Ramos Tinhorão 14, o gênero obteve o sucesso que o lundu, sozinho, jamais havia conseguido realizar:

"... a semelhança de ritmo com o lundu permite uma fusão que poderia às vezes ser nominal, mas que garante ao gênero de dança saído do batuque a possibilidade de ser, afinal, admitido livremente nos salões sob o nome mágico de polca-lundu."



Chula


A chula é um gênero de dança ou de canção de origem portuguesa surgida no final do século XVII. Também herdeira da umbigada - com seus requebros, volteios e sapateados - adquire entre nós uma forma maliciosa e erótica. O termo reapareceu entre os sambistas no início do século. Assim o define João da Baiana 15:

"Antes de falá samba, a gente falava chula. Chula era qualquer verso cantado. Por exemplo. Os versos que os palhaço cantava era chula de palhaço. Os que saía vestido de palhaço nos cordão-de-velho tinha chula de palhaço de guizo. Agora, tinha a chula raiada, que era o samba do partido alto. Podia chamá chula raiada ou samba raiado. Era a mesma coisa. Tudo era samba de partido-alto. E tinha samba corrido".



Maxixe


Primeira dança considerada autenticamente brasileira, tendo como ancestrais diretos a umbigada, o batuque e o lundu, o maxixe tem sua origem nos bairros de contingentes negros e mestiços do Rio de Janeiro, como Saúde e Cidade Nova.

Sua aparição, por volta de 1870, deveu-se principalmente à vontade de se dançar, de forma mais livre, os ritmos em voga na época, principalmente a polca. O maxixe, na opinião de José Ramos Tinhorão 16, foi sobretudo obra do "esforço dos músicos de choro em adaptar o ritmo das musicas à tendência dos volteios e requebros de corpo com que mestiços, negros e brancos do povo teimavam em complicar os passos das danças de salão".

Para Mário de Andrade 17, no entanto, o maxixe seria a síntese do tango e da habanera (pelo lado rítmico) com o andamento da polca, aliado a síncopa portuguesa. E ainda, na interpretação de Tinhorão 18, a "transformação da polca via lundu".

Aliás, como o lundu, apresentado nos intervalos de peças teatrais 50 anos antes, o malicioso maxixe, com o passar do tempo e com a popularidade alcançada pelos chorões, ganhou os palcos do Rio de Janeiro, sendo saboreado pelos freqüentadores das revistas teatrais:

"Não é de se estranhar que num palco e com o incentivo da platéia, o lundu tivesse o seu aspecto erótico exacerbado. Mais curioso é que esse mesmo processo de teatralização de uma dança de origem negra se repetiu meio século depois no Rio de Janeiro, com o maxixe." 19



O polêmico "Pelo telefone"


Um dos primeiros comentários que se pode adiantar sobre a música Pelo telefone diz respeito à questão dos direitos autorais da composição, ainda hoje objeto de discussão não totalmente esclarecido.


Maria Theresa Mello Soares 20, revela-nos o seguinte:

"Historicamente o primeiro caso - que foi muito comentado no Rio de Janeiro - de posse indébita de composição musical teve como protagonista Ernesto dos Santos, ou melhor, o Donga, violonista que tocava de ouvido, 'nem sabia traçar as notas de música'. Pelo telefone - tango, maxixe ou samba, nunca ficou bem definida a sua classificação - foi a composição que gerou polêmica ruidosa no meio artístico carioca, provocando atritos e discussões, principalmente pela imprensa que tomou partido de um jornalista envolvido no 'affaire'".

Problemas à parte, 1917 é de fato considerado um ano-chave para a história da música brasileira de raízes populares e urbanas, justamente devido ao lançamento de Pelo telefone, considerado o primeiro samba oficialmente registrado no Brasil. A partir de então, o samba - que já se prenunciava anteriormente através de formas variantes como o lundu, o maxixe, a polca e a habanera - individualizou-se, adquiriu vida própria, tornando-se definitivamente um gênero musical:

"Um fato até então inédito acontece: os clubes carnavalescos, que nunca tocavam a mesma música em seus desfiles, entraram na Av. Central tocando Pelo telefone". 21

Outra grande dúvida mencionada por pesquisadores recai sobre a data da composição. Embora tenha sido lançada no carnaval de 1917 com êxito extraordinário, o registro da partitura para piano, feito por Donga na biblioteca nacional, é de 16 de dezembro de 1916.

A questão sobre a autoria, levantada anteriormente, é também outro aspecto importante nessa discussão. Sabe-se que muitas reuniões de samba de partido alto ocorriam no terreiro de tia Ciata, freqüentado por sambistas, músicos, curiosos e jornalistas, tais como: Donga, Sinhô, Pixinguinha, João da Mata, Mestre Germano, Hilário Jovino e Mauro de Almeida. Este último - Mauro de Almeida - teria escrito os versos para a música de criação coletiva intitulada Roceiro, executada pela primeira vez como tango em um teatro da rua Haddock Lobo, em 25 de outubro de 1916. Valendo-se da repercussão imediata da música, Donga não hesitou em registrá-la com o título de Pelo telefone, aparecendo então como o único autor, omitindo a letra do jornalista Mauro de Almeida. Houve reações e protestos, principalmente daqueles que se sentiram diretamente atingidos. Assim comenta Edigar de Alencar 22:

"O registro do samba (nº 3295) não teve a repercussão que teria hoje. Música de muitos não era de ninguém. Não tinha dono, como mulher de bêbado..."

Renato Vivacqua é quem afirma:

"Mesmo assim, o Jornal do Brasil de 04.02.1917 trazia o seguinte comentário:

'Do Grêmio Fala Gente recebemos a seguinte nota: Será cantado domingo, na av. Rio Branco, o verdadeiro tango Pelo telefone, dos inspirados carnavalescos, o imortal João da Mata, o mestre Germano, a nossa velha amiguinha Ciata e o inesquecível bom Hilário; arranjo exclusivamente pelo bom e querido pianista J. Silva (Sinhô), dedicado ao bom e amigo Mauro, repórter da Rua, em 6 de agosto de 1916, dando ele o nome de Roceiro'.


Pelo telefone
A minha boa gente
Mandou me avisar
Que o meu bom arranjo
Era oferecido
Para se cantar.

Ai, ai, ai
Leva a mão na consciência, meu bem.
Ai, ai, ai
Mas pra que tanta presença, meu bem?

Ó que cara dura
De dizer nas rodas
Que este arranjo é teu!
É do bom Hilário
É da velha Ciata
Que o Sinhô escreveu

Tomara que tu apanhes
Pra não tornar a fazer isso,
Escrever o que é dos outros
Sem olhar o compromisso"
23


Tudo indica que a composição seja mesmo de caráter coletivo, cantarolada com versos variados em alguns pontos da cidade, tendo sido mais tarde reformulados por Donga e Mauro de Almeida.

Teria sido "Pelo telefone" o primeiro samba realmente registrado no Brasil?

Há contestações e controvérsias. Hoje não mais se acredita que este tenha sido o primeiro registro do gênero samba no selo de um disco. Alguns pesquisadores, entre eles Renato Vivacqua 24, mencionam pelo menos três outras composições designando o gênero: Um samba na Penha (interpretado por Pepa Delgado e lançado pela Casa Edison em 1909); Em casa da Baiana (de 1911); e por último A viola está magoada (de autoria de Catulo da Paixão Cearense, composto em 1912 e gravado em 1914). Edigar de Alencar também menciona um outro samba denominado Samba roxo (de Eduardo da Neves, de 1915).

Afinal, qual a verdadeira letra de "Pelo telefone"?

Uma outra polêmica até hoje não totalmente desvendada diz respeito à letra original do samba - que teria recebido inúmeras alterações e paródias ao longo do tempo, gerando confusões.

Donga chegou a afirmar que a verdadeira letra da 1ª estrofe seria iniciada pelo verso O chefe da folia, mas por diversas vezes caiu em contradição, dizendo que o 1º verso da música era de fato O chefe da polícia.

Sobre essa estrofe, comenta Edigar de Alencar 25:

"Os versos expressivos e bem feitos eram uma glosa sutil a um fato importante. O então chefe da polícia Aurelino Leal determinara em fins de outubro daquele ano (1916), em ofício publicado amplamente na imprensa, que os delegados distritais lavrassem auto de apreensão de todos os objetos de jogatina encontrados nos clubes. Antes de qualquer providência, porém, ordenara que lhe fosse dado aviso pelo telefone oficial."

Portanto, duas hipóteses são aceitas para esta primeira estrofe:


O chefe da folia

Pelo telefone

Manda me avisar

Que com alegria

Não se questione

Para se brincar

O chefe da polícia

Pelo telefone

Manda me avisar

Que na Carioca

Tem uma roleta

Para se jogar


A Donga se deve pelo menos o fato de ter percebido que o samba, ainda em seu nascedouro, surgiria a partir daquela data não mais como uma dança ou festa coletiva, mas como um bem cultural digno de ser comercializado e divulgado no rádio, então único meio de comunicação de massa, ávido para ter o que tocar. Os últimos comentários a esse respeito são de Almirante, citado no livro de Edigar de Alencar 26:

"Em resumo, o Pelo telefone teve um autor indiscutível: Mauro de Almeida, criador de seus versos e cujo nome permaneceu sempre sonegado. Jamais recebeu quaisquer direitos autorais, como seria justíssimo. Mauro de Almeida, com 74 anos de idade, morreu a 19 de junho de 1956. E quais foram os parceiros da melodia do Pelo telefone? Segundo a imprensa, conforme citamos: João da Mata, mestre Germano, tia Ciata, Hilário Jovino, Sinhô e Donga. Mas todos eles..."

Cabe assinalar ainda que a música recebeu uma versão teatral de Henrique Júnior com o mesmo título, que teve sua estréia em 7 de agosto de 1917 no Teatro Carlos Gomes, ficando menos de uma semana em cartaz.

Apenas música para se brincar no carnaval

Assim como a marcha, o "samba anônimo" - batucado e gingado coletivamente - surgiu com o desenvolvimento do carnaval, para atender às camadas subalternas que ainda não possuíam um tipo de música própria que as representasse durante os desfiles e comemorações do Rei Momo. Aos poucos, foi atraindo músicos da classe média que tinham acesso à "mídia" da época - o rádio, também em sua fase inicial - e acabou perpetuando-se no tempo graças aos foliões de rua.



A origem das escolas de samba


"O estilo (antigo) não dava para andar. Eu comecei a notar que havia uma coisa. O samba era assim: tan tantan tan tantan. Não dava. Como é que um bloco ia andar na rua assim? Aí a gente começou a fazer um samba assim: bumbum paticumbumpruburundum." 27

A primeira escola de samba nasceu no Estácio - portanto no asfalto e não no morro - fez a sua primeira aparição oficial no desfile da Praça Onze em 1929, chamava-se Deixa falar e surgiu como um "ato de malandragem". 28

Até essa data o que se via nas ruas durante o carnaval era o desfile das Grandes Sociedades, dos ranchos carnavalescos (também conhecidos como blocos de cordas, pois possuíam um cordão de isolamento e proteção) e dos blocos propriamente ditos (mais modestos em sua administração). A diferenciação entre esses dois últimos é pequena. De acordo com a autora Eneida Moraes 28, citando Renato de Almeida, "os ranchos eram cordões civilizados e os blocos, mistos de cordões e ranchos".

A tradição da brincadeira de rua já existia há muito tempo no Distrito Federal (desde o entrudo e mais tarde, o Zé Pereira), mas sem nenhum tipo de organização musical. Foram justamente os blocos, ranchos e cordões que deram unidade musical a um desfile até então caótico.

"As escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro por volta de 1920. A crônica do carnaval descreve o cenário então existente na cidade de forma nitidamente estratificada: a cada camada social, um grupo carnavalesco, uma forma particular de brincar o carnaval. As Grandes Sociedades, nascidas na segunda metade do século XIX, desfilavam com enredos de crítica social e política apresentados ao som de óperas, com luxuosas fantasias e carros alegóricos e eram organizadas pelas camadas sociais mais ricas. Os ranchos, surgidos em fins do século XIX, desfilavam também com um enredo, fantasias e carros alegóricos ao som de sua marcha característica e eram organizados pela pequena burguesia urbana. Os blocos, de forma menos estruturada, abrigavam grupos cujas bases se situavam nas áreas de moradia das camadas mais pobres da população: os morros e subúrbios cariocas. O surgimento das escolas de samba veio desorganizar essas distinções." 29

De todas as agremiações populares, o Rancho era o mais aceito pelas autoridades, pela sua forma de organização. Nascido no bairro suburbano da Saúde, tradicional região de imigrantes nordestinos, o Rancho carnavalesco, derivado do Rancho de Reis, existente em sua forma pagã desde 1873, foi a grande fonte inspiradora para as primeiras escolas de samba. Lembrando ainda as procissões religiosas, a sua música, voltada para as tradições folclóricas, principalmente o maracatu, trazia um andamento dolente, arrastado, nada adaptado para a euforia dos primeiros sambistas que também despontavam nesses mesmos espaços culturais:

"Essa lentidão, que permitia um desfilar sem vibração, quase monótono, causava irritação aos carnavalescos da nova geração, que se mostravam desejosos de dançar com um ritmo mais alegre e de acordo com a folia do carnaval. Esse foi o motivo que levou sambistas - como Ismael Silva e seus companheiros - compositores que viviam no Estácio e periferia, a criar um novo ritmo que permitisse cantar, dançar e desfilar, ao mesmo tempo." 30

E por que no Estácio?

O Estácio, tradicional bairro de bambas, boêmios e tipos perigosos - o índice de vadiagem na região era grande devido ao excesso de mão de obra e a escassez da oferta de trabalho - situava-se geograficamente perto do morro de São Carlos e também da Praça Onze, local dos desfiles, o que facilitava a troca cultural.

"Esses bambas, como eram conhecidos na época os líderes dessa massa de desocupados ou trabalhadores precários, eram, pois, os mais visados no caso de qualquer ação policial. Assim, não é de estranhar que tenha partido de um grupo desses representantes típicos das camadas mais baixas da época - Ismael Silva, Rubens e Alcebíades Barcellos, Sílvio Fernandes, o Brancura, e Edgar Marcelino dos Santos - a idéia de criar uma agremiação carnavalesca capaz de gozar da mesma proteção policial conferida aos ranchos e às chamadas grandes Sociedades, no desfile pela Avenida, na terça-feira gorda." 31

De fato, foi um drible de craque, ou, como queiram, um verdadeiro golpe de bamba nas autoridades, realizável apenas por aqueles que cedo aprenderam a conviver com a repressão, tendo que buscar soluções viáveis para a sua existência cultural. Assim, a Deixa falar do Estácio entrou na avenida naquele ano de 1929 como um "bloco de corda", totalmente legitimada e protegida pela polícia, ao som de um ritmo saltitante e uma nova batida, capaz de provocar a euforia de qualquer folião: a batucada. Um ano mais tarde, cinco outras escolas apareceram para o desfile da Praça Onze: a Cada ano sai melhor (do Morro do São Carlos); a Estação primeira de Mangueira; a Vai como pode (mais tarde, Portela), a Para o ano sai melhor (também do Estácio) e a Vizinha faladeira (das imediações da Praça Onze).

Surgida na Largo do Estácio, a novidade repercutiu rapidamente para vários morros e subúrbios. Desta forma, as escolas foram se espalhando e a cada ano nasciam outras agremiações carnavalescas que faziam suas evoluções na Praça Onze, cantando sambas com temáticas que abordavam acontecimentos locais ou nacionais, tanto no domingo quanto na terça-feira gorda. Estava definitivamente consolidado o samba carioca.

"Criou um território, pequeno, mas só dele. Mandava num quadrilátero que ia da Saúde ao Estácio, e da Praça da Bandeira à Onze. Esta sempre servindo de sede para os acontecimentos mais importantes de sua vida. Na praça a aglomeração cresceu, sempre em torno dele. Era o pessoal descendo o morro para brincá-lo no carnaval, eram os ranchos, blocos e cordões se chegando para a festa. Samba fora da Praça Onze não tinha graça. Não podia ser. A praça-mãe devia ter calor maior. Enfim, feitiço de berço." 32


Pesquisa e redação : Nancy Alves



O samba e suas variações 33


Samba carnavalesco : designação genérica dada aos sambas criados e lançados exclusivamente para o carnaval. Os compositores tinham uma certa queda por este "gênero" (neste incluem-se as marchinhas) por visarem os gordos prêmios oferecido pela Prefeitura em seus concursos anuais de músicas carnavalescas.


Samba de meio-de-ano : qualquer samba despretensioso aos festejos carnavalescos.


Samba raiado: uma das primeiras designações recebidas pelo samba. Segundo João da Baiana 1, o samba raiado era o mesmo que chula raiada ou samba de partido-alto. Para o sambista Caninha, este foi o primeiro nome teria ouvido em casa de tia Dadá.


Samba de partido-alto: um dos primeiros estilos de samba de que se tem notícia. Surgiu no início do século XX, mesclando formas antigas (o partido-alto baiano) a outras mais modernas (como o samba-dança-batuques). Era dançado e cantado. Caracterizava-se pela improvisação dos versos em relação a um tema e pela riqueza rítmica e melódica. Cultivado apenas pelos sambistas de "alto gabarito" (daí a expressão partido-alto), foi retomado na década de 40 pelos moradores dos morros cariocas, já não mais ligado às danças de roda.


Samba-batido: variante coreográfica do samba existente na Bahia.


Samba de morro: tradicionalmente conhecido como o samba autenticamente popular surgido no bairro do Estácio e que teve na Mangueira, um dos seus redutos mais importantes a partir da década de 30.


Samba de terreiro: composição de meio de ano não incluída nos desfiles carnavalescos. É cantado fora do período dos ensaios de samba-enredo, servindo para animar as festas de quadra, durante as reuniões dos sambistas, festas de aniversário ou confraternizações.


Samba-canção: estilo nascido na década de 30, tendo por característica um ritmo lento, cadenciado, influenciado mais tarde pela música estrangeira. Foi lançado por Aracy Cortes em 1928 com a gravação Ai, Ioiô de Henrique Vogeler. Foi o gênero da classe média por excelência e a temática de suas letras era quase sempre romântica, quando não assumindo um tom queixoso. A partir de 1950, teve grande influência do bolero e de outros ritmos estrangeiros.


Samba-enredo: estilo criado pelos compositores das escolas de samba cariocas em 1930, tendo como fonte inspiradora um fato histórico, literário ou biográfico, amarrados por uma narrativa. É o tema do samba-enredo que dá o tom do desfile em suas cores, alegorias, adereços e evoluções, pois este é o assunto que será desenvolvido pela escola durante a sua evolução na avenida.


Samba-choro: variante do samba surgida em 1930 que utiliza o fraseado instrumental do choro. Entre as primeiras composições no estilo, figuram Amor em excesso (Gadé e Walfrido Silva/1932) e Amor de parceria (Noel Rosa/1935).


Samba carnavalesco: designação genérica dada aos sambas criados e lançados exclusivamente para o carnaval.


Samba de breque: variante do samba-choro, caracterizado por um ritmo acentuadamente sincopado com paradas bruscas chamadas breques (do inglês "break"), designação popular para os freios de automóveis. Essa paradas servem para o cantor encaixar as frases apenas faladas, conferindo graça e malandragem na narrativa. Luiz Barbosa foi o primeiro a trabalhar este tipo de samba que conheceu em Moreira da Silva o seu expoente máximo.


Samba-exaltação: samba de melodia longa e letra abordando um tema patriótico. Desenvolveu-se a partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas. Foi cultivado por profissionais do teatro musicado, do rádio e do disco depois do sucesso de Aquarela do Brasil (1939) de Ary Barroso. A ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral que deve conter elementos grandiloqüentes, conferindo força e vigor ao nacionalismo que se quer demonstrar.


Samba de gafieira: modalidade que se caracteriza por um ritmo sincopado, geralmente apenas tocado e tendo nos metais (trombones, saxofones e trompetes) a força de apoio para o arranjo instrumental da orquestra. Criado na década de 40, o estilo, influenciado pelas "big-bands" americanas, serve sobretudo para se dançar.


Sambalada: estilo de ritmo lento, surgido nas décadas de 40 e 50, similar ao das músicas estrangeiras lançadas na época (como o bolero e a balada, por exemplo) tido como um produto da manipulação das grandes gravadoras que tinham apenas finalidade comercial.


Sambalanço: modalidade que se caracteriza pelo deslocamento da acentuação rítmica, inventado na metade da década de 50, por músicos influenciados por orquestras de bailes e boates do Rio e de São Paulo que tinham como base os gêneros musicais norte-americanos, principalmente o jazz. Pode ainda ser definido como o estilo intermediário entre o samba tradicional e a bossa-nova, do qual Jorge Ben (Jor) foi o grande expoente.


Sambolero: tipo de samba-canção comercial fortemente influenciado pelo bolero, que teve o seu apogeu também na década de 50. Imposto pelas grandes companhias de disco.


Samba-jazz: gênero comandado por Carlos Lyra e Nelson Luiz Barros e mais tarde cultivado por outros compositores ligados à Bossa-Nova que buscavam soluções estéticas mais populares como resposta ao caráter demasiadamente intimista de João Gilberto. Abriu espaço para o nascimento da MPB, através dos festivais de música promovidos pela TV Record de São Paulo, durante os anos 60.


Sambão: considerado extremamente popular e comercial, o gênero conheceu seu momento de glória a partir dos anos 70, quando se pregava a volta do autêntico samba tradicional. Nada mais é do que uma apropriação muitas vezes indevida e descaracterizada do conhecido samba do morro.


Samba de moderno partido: modalidade contemporânea do gênero liderada pelo compositor Martinho da Vila, que mantém a vivacidade da percussão tradicional do samba aliada a uma veia irônica na temática de suas letras.


Samba de embolada: modalidade de samba entoado de improviso. Segundo Câmara Cascudo, citado no Dicionário Musical Brasileiro de Mário de Andrade, os melhores sambas de embolada estão em tonalidades menores.


Samba-rumba: tipo de samba influenciado pela rumba, ritmo caribenho em voga no Brasil na década de 50.


Samba-reggae : misturado aos ritmos da Bahia, com forte influência da divisão rítmica do reggae.




Bibliografia


1. ALVES, Henrique. Sua Ex.a o samba. São Paulo. Símbolo, 1976, p. 17.

2. DEBRET, Jean Baptiste. Desenhista e pintor francês (Paris 1768 - 1848) cuja obra é de grande importância para o estudo da história brasileira no início do século XIX.

3. SOARES, Maria Teresa Mello. São Ismael do Estácio - O sambista que foi rei. RJ, Funarte, 1985, p. 88.

4. ANDRADE, Mário de. Dicionário Musical Brasileiro. São Paulo, Edusp, 1989, p.454.

5. SAMPAIO, Teodoro. Tupi na Geografia Nacional, citado por Henrique Alves em Sua Ex.a o samba. São Paulo. Símbolo, 1976, p. 18.

6. ALVES, Henrique. Sua Ex.a o samba. São Paulo. Símbolo, 1976, p. 18.

7. Idem 4.

8. TINHORÃO, José Ramos. História da Música Popular Brasileira - Samba. São Paulo, Abril Cultural, 1982. p. 3.

9. Idem, p. 4

10. Idem, p. 5

11. SOARES, Maria Theresa Mello. São Ismael do Estácio - O sambista que foi rei. Rio de Janeiro, Funarte, 1985, p. 94.

12. TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular - da modinha ao tropicalismo. São Paulo, Art, 1986, p.p. 47 e 51.

13. Dicionário de Música Popular Brasileira - Erudita, Folclórica e Popular. São Paulo, Art, 1977, p. 619.

14. TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular - da modinha ao tropicalismo. São Paulo, Art, 1986, p. 56.

15. TINHORÃO, José Ramos. História da Música Popular Brasileira - samba de terreiro e de enredo. São Paulo, Abril Cultural, 1982. p. 4.

16. TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular - da modinha ao tropicalismo. São Paulo, Art, 1986, p. 58.

17. Dicionário de Música Popular Brasileira - Erudita, Folclórica e Popular, citando Mário de Andrade em seu verbete "maxixe". São Paulo, Art, 1977, p. 465.

18. TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular - da modinha ao tropicalismo. São Paulo, Art, 1986, p. 63.

19. CALADO, Carlos. O jazz como espetáculo. São Paulo, Perspectiva, 1990, p. 232.

20. SOARES, Maria Theresa Mello. São Ismael do Estácio - o sambista que foi rei. Rio de Janeiro, Funarte, 1985, p. 79. A parte sublinhada refere-se ao comentário de Almirante, presente em seu livro No tempo de Noel Rosa (1977), citado pela autora.

21. VIVACQUA, Renato. Música Popular Brasileira: histórias de sua gente. Brasília, Thesaurus, 1984, p. 117.

22. ALENCAR, Edigar de. O carnaval carioca através da música. Rio de Janeiro, Francisco Alves, Brasília, 1985. p. 119.

23. VIVACQUA, Renato. Música Popular Brasileira: histórias de sua gente. Brasília, Thesaurus, 1984, p. 121.

24. Idem, p.p. 117/118.

25. ALENCAR, Edigar de. O carnaval carioca através da música. Rio de Janeiro, Francisco Alves, Brasília, 1985. p. 118.
26. Idem, p. 123.

27. SOARES, Maria Theresa Mello. São Ismael do Estácio - O sambista que foi rei. Rio de Janeiro, Funarte, 1985, p. 95. Depoimento de Ismael Silva dado ao jornalista Sérgio Cabral, citado no livro.

28. MORAES, Eneida. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro, Record, 1987.

29. CAVALCANTI, Maria Laura. Viveiros de Castro. Ed. Funarte, UFRJ, p.p. 22/23.

30. SOARES, Maria Theresa Mello. São Ismael do Estácio: o sambista que foi rei. Rio de Janeiro, Funarte, 1985, p. 90.

31. TINHORÃO, José Ramos. Música Popular Brasileira: um tema em debate. Saga, RJ, 1966. p. 76/77.

32. SOARES, Maria Theresa Mello. São Ismael do Estácio: o sambista que foi rei. Rio de Janeiro, Funarte, 1985, p. 95.

33. Informações obtidas através das seguintes fontes:

Dicionário Musical Brasileiro, Mário de Andrade

Brasil Musical - Viagens pelos ritmos e sons brasileiros. Tarik de Souza e outros

Dicionário de Música Brasileira-Folclórica, Erudita e Popular.